Impacto da Satisfação no Trabalho e da Percepção de Suporte Organizacional sobre a Síndrome de Burnout em Trabalhadores de Enfermagem de um Hospital Universitário
A síndrome de Burnout tem sido apontada como um problema social de relevância e vem sendo investigada em diversos países, uma vez que se encontra vinculada à custos organizacionais O Burnout é definido como uma síndrome psicológica decorrente da tensão emocional crônica vivenciada no trabalho, sendo constituída pelas dimensões exaustão emocional, desumanização ou cinismo, e decepção no trabalho, denominada também diminuição da realização pessoal ou ineficácia. Este estudo propõe-se a investigar um modelo no qual as variáveis satisfação no trabalho e percepção de suporte organizacional consistem em preditoras da Síndrome de Burnout em profissionais de enfermagem. A amostra do estudo foi composta por 339 trabalhadores de enfermagem de um hospital universitário (36,6% técnicos de enfermagem, 31,9% enfermeiros e 31,6% auxiliares de enfermagem), sendo 81,1% do sexo feminino, com idade média de 38,7 anos e tempo médio de 14,4 anos de formação. Os participantes responderam a um instrumento composto por dados sóciodemográficos e pelas escalas validadas de Satisfação no Trabalho, Percepção de Suporte Organizacional (EPSO) e Escala de Caracterização do Burnout (ECB). Os dados foram analisados com auxílio do programa SPSS, versão 12.0, por meio do qual foram calculadas estatísticas descritivas, Alpha de Cronbach para a amostra do estudo e análises de regressão múltiplas (método stepwise), sendo a satisfação no trabalho (cinco dimensões) e a percepção de suporte organizacional as variáveis independentes. Os índices de confiabilidade para as escalas foram satisfatórios, variando entre 0,73 a 0,94. Os resultados indicaram que para a dimensão de exaustão emocional há três preditores, sendo eles: satisfação com a natureza do trabalho com maior percentual de variância explicada (29%), percepção de suporte organizacional (5%) e satisfação com o salário (1%). A dimensão desumanização teve como antecedentes apenas a satisfação com a natureza do trabalho com 7% de variância explicada e a percepção de suporte organizacional que explicou 2% da variância. Por sua vez, a dimensão decepção no trabalho apresentou como preditores a satisfação com a natureza do trabalho (28%), percepção de suporte organizacional (7%) e satisfação com a promoção (1%). Portanto, os maiores percentuais de explicação para as três dimensões da Síndrome de Burnout foram atribuídos à satisfação com a natureza do trabalho e à percepção de suporte organizacional, evidenciando a importância das organizações de saúde estabelecerem estratégias de valorização dos profissionais da área de enfermagem, bem como apoio material e gerencial às atividades desenvolvidas por esses trabalhadores. Estudos futuros devem ser conduzidos para confirmação dos dados em outras organizações e profissionais de saúde, pois a prevenção desta síndrome é fundamental para a garantia de um atendimento de qualidade aos usuários dos serviços de saúde.