O Processo de Construção de Sentidos Sobre Mudança em Terapia Familiar

Tipo: 
Dissertação
Palavra Chave: 
Terapia familiar; mudança terapêutica; produção de sentidos; poética social.

 


A mudança terapêutica tem sido amplamente pesquisada em Psicologia Clínica, utilizando-se

uma diversidade de métodos de pesquisa na produção de conhecimento sobre a mesma.

Contudo, há poucas pesquisas empíricas sobre a mudança em Terapia Familiar sustentadas

por uma perspectiva construcionista social e, especialmente, pela poética social. Essa

perspectiva define a conversa terapêutica como atividade dialógica e a poética nos remete

para “dentro” de tais conversas, evidenciando seus efeitos construtivos. Assim, neste estudo,

buscamos este entendimento do processo de produção de sentidos sobre a mudança

terapêutica construído no contexto de atendimento em Terapia Familiar. Visamos

especificamente: a) identificar momentos marcantes do processo terapêutico; e b) articulá-los

a uma narrativa de mudança da família. Nesta pesquisa, analisamos o processo terapêutico de

duas famílias a partir da transcrição integral das sessões áudio-gravadas. Os participantes da

pesquisa foram dois núcleos familiares constituído por: a) mãe e filha; e b) três irmãs. Os

passos da análise consistiram na: a) leitura exaustiva e curiosa das sessões transcritas com

vistas a apreender o dinamismo do processo conversacional; b) identificação de momentos

marcantes do processo terapêutico, tais como definidos pelos membros da família e/ou pela

terapeuta; c) análise descritiva dos momentos marcantes, apresentando o contexto de sua

ocorrência e a participação da família e da terapeuta; e d) articulação das inter-relações entre

os momentos marcantes apontando para uma narrativa da mudança terapêutica. A análise

apontou que a construção conversacional da mudança terapêutica na primeira família foi

marcada pelo deslocamento do discurso inicial do problema de saúde da mãe oriundo do

trabalho para o discurso do agenciamento com o cuidado da vida. Tal construção foi analisada

em relação a três aspectos centrais: (a) A desconstrução do sentido do trabalho; (b) A

redefinição da relação mãe-filha; e (c) A reconstrução da vida. Na segunda família, o processo

de construção de sentidos foi marcado pelo deslocamento do discurso do problema individual

– preocupação de uma filha com a doença da mãe – para uma descrição pautada por uma

responsabilidade relacional, analisados também sob três aspectos: (a) O agir no adoecimento;

(b) Coconstruindo o cuidado; e (c) O cuidado com a vida. A análise permitiu ainda

compreender dois processos distintos subjacentes, o agenciamento e a responsabilidade

relacional como formas de promover a mudança terapêutica em Terapia Familiar. Este estudo

nos atenta para estas formas discursivas presentes na construção de sentidos e na produção de

conhecimento.
 

 

Data da Defesa: 
18/10/2012
Banca/Orientador(es): 
Prof. Dr. Emerson Fernando Rasera (Orientador) – UFU
Banca / Examinador(es): 
Profa. Dra. Rodrigo Sanches Peres (Membro Titular) – UFU Profa. Dra. Carla Guanaes Lorenzi (Membro Titular) – USP/RP Profa. Dra. Cintia Bragheto Ferreira (Membro Suplente) – UFG
Discente: 
Berenice Araújo Dantas de Biagi